quarta-feira, 30 de janeiro de 2008




Tudo bem que as mulheres em si são complicadíssimas. Eu mesma nunca poderei ser uma mulher de negócios, porque se dependerem de uma decisão minha, as coisas não irão progredir nunca, acho que até retrocederiam. Eu sei, também, que vivo constantemente mudando as minhas escolhas, de amizades até ao lugar onde lancharei; mas quando falo: "Vamos tomar sorvete" e cinco minutos depois escolho comer frango empanado, isso é para que eu sinta as duas idéias mais profundamente do que somente pensando. Falando eu consigo captar a melhor idéia para ser colocada em prática. Tudo bem que as mulheres em si são complicadíssimas, mas acho que elas atingem o grau máximo de complicação quando se tornam mães, e, principalmente, quando ultrapassam os 40 anos de idade.


A minha mãe mesmo resolveu ser consultora da Avon, vindo a mim com um discurso de que existem pessoas que conseguem lucrar mil e quinhentos reais por mês só com vendas de produtos cosméticos. Até então eu já estava bem animadinha: "Poxa, que bom! Mais dinheiro!". Agora a cada 2 semanas chegam 3 caixas de papelão lotadas de batom com gosto de morango, de melancia, tomate, feijão... Aí chegam hidratantes para as mãos, pés, rosto, nariz, bunda, &@(@... Mainha é revendedora para si própria! Vê que interessante! Hoje nós perdemos mil e quinhentos reais por mês com produtos da Avon. Aos 40 anos, as mães resolvem criar Orkut, MSN... A mãe de uma amiga minha começou a fumar aos 40 anos! Descobri que mãe aos 20 é muito mais velha espiritualmente do que mãe aos 40. Mãe aos 40 resolve gostar de bandas improváveis apenas para acompanhar o filho adolescente aos shows e tentar evitar que ele experimente maconha, embora a presença dos pais não impeçam isso. Mãe aos 40 resolve dançar funk na frente dos seus amigos. Mãe aos 40 é foda. Mas é mãe, né?




- foto: Cena do filme Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos, de Pedro Almodóvar. Excelente!


sábado, 26 de janeiro de 2008

Sinceramente, eu acho que as relações eternas são aquelas as quais não são permeadas por quaisquer formas de julgamentos. Os julgamentos são crus, incisivos e discriminadores. As relações não.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008


Tô explodindo de desejo pra sentir o cheiro de cerveja, suor e amor. Escutar o carnaval batendo na porta e me avisando que existem sorrisos, e brilhos, e máscaras espalhafatosas, quase uma drag-queen da felicidade - o exagero do bem-estar, e que exagero gostoso de se sentir! Quero os abraços daquelas pessoas que passaram o ano todo comigo, a esperar ansiosamente pelo carnaval, como uma necessidade de sentir novamente o universo cheio de purpurina, sonhos e felicidade. No carnaval é obrigatório o sentir-se feliz, e essa obrigação é bem mais direito do que dever. Licença, diante de tantos deveres, é do meu direito o carnaval, é do meu direito aquela cerveja gelada e, lá, eu quero o suor das pessoas amadas misturado com tintas e batons, lá eu quero muito amor.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Nós.

Um grito de prazer soa durante eternos segundos...

Tempo curto, mas quase sólido, capaz de ser abraçado.
Tudo eram matérias, e corpos, e vozes
e, aos poucos, transformou-se em transcedência,
talvez metafísica,
talvez religião,
ou até respostas biológicas, mas, com clarividência
reação a um ritual, a uma opção. Ou necessidade?
É... Talvez sim. Necessidade.

Unimos dois universos em um só.
Dois pensamentos distintos,
duas cabeças,
cada qual com uma angústia, um medo, um peso
e, como num ato de impulso e desejo
despem-se os medos, os pesos,
os corpos.
E, como se estivéssemos transparentes
e dissolvidos, não sei mais quem sou eu,
quem és tu.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008


Eu gosto é do inacabado, o imperfeito, o estragado que dançou, o que dançou... Eu quero mais erosão, menos granito. Namorar o zero e o não. Escrever tudo o que desprezo, e desprezar tudo o que acredito. Eu não quero a gravação, não... Eu quero o grito! Que a gente vai, a gente vai... E fica a hora, mas eu persigo o que falta, não o que sobra. Eu quero tudo que dá e passa. Quero tudo que se despe, se despede e despedaça. O que é bonito...
Desenho de Egon Schiele. Muito lindo! O que é bonito...

Vestiba-haaaaa!

A única certeza que eu tenho, além a de que eu vou morrer, é óbvio, é que quando eu entrar na Federal vou tomar uma cachaça linda. Tá... Sem criar más-impressões de mim, por favor, não costumo fazer isso, mas quando eu for lá no sitezinho, ver meu nome e o CLASSIFICADO... Ai ai. Enfim... Estou emocionada porque ontem saiu o resultado e, graças a Deus, meus amores queridos passaram. Tava torcendo horrores. Vou ter agora Mirela pra cuidar de mim quando eu estiver doentinha, Manu pra me fazer rir (mais do que já faz), devido ao curso de Artes Cênicas (não estou menosprezando, ok? haha), o povo que passou em Engenharia num serve pra nada mesmo, né... (Brincadeiraaa)
Enquanto a cachaça pós-resultado Covest e pré-CAC não chega, vou continuar com minhas isoladas, né? Ô pressa a minha, viu. Mas vai chegar, tenho fé que chega. Estou um pouco completamente abandonando esse blog, acho que já será outra tentativa frustrada, mas é que ultimamente não tenho estado muito inspirada para escrever. Mas fico pensando... Quem sabe um dia meu blog não seja como o "Amor & Hemácias", de Santiago? Ou o "Lorena foi Embora"? Não vou desistir! Como me disse Mirela "Corra atrás dos seus sonhos". Tá... Vou correr atrás deles... Mas falando sério... Jaja eu desisto desse blog.

domingo, 6 de janeiro de 2008

As coisas



Incrivelmente duvidei de que uma viagem para a praia, ausente de tudo e de todos, poderia me trazer uma diferença nas minhas formas de sentir o mundo. Não que essa viagem tenha mudado toda a minha percepção, mas me trouxe muita paz; talvez porque estive mais tempo em contato comigo mesma, ausente da obrigação de ter de atender telefonemas, de circular por um espaço pequeno, que é o meu quarto, de muitas euforias, som alto, barulho, cobranças, buzinas e café forte e enérgico, para momentos já muito enérgicos. Não foi à toa que minha médica mandou-me tomar chá de camomila, vai ver meu organismo já estava bastante afetado com tanta manifestação externa. O que mudou dentro de mim foi deitar na minha cama e sentir falta de uma rede, olhar pela janela e querer aqueles coqueiros, que eu via sempre ao acordar. Sinto falta daquela capacidade que eu estava tendo de lembrar-me dos meus sonhos. Não consigo agora, aqui, lembrá-los. Talvez porque minha cabeça fica mais ligada ao que está fora de mim, fazendo, assim, com que eu não viva naquele intenso in que estava me fazendo bem. Queria mais vezes a lua, a rede, o ócio produtivo. O café enérgico para momentos não muito enérgicos. Agora vai o chá de camomila.


Lindo é um poema de Arnaldo Antunes. O cara é foda. Ideal para exemplificar o que sinto, o que devem sentir muitas pessoas ao serem consumidas pela rotina, pelo bombardeio de informações, pelos sanguessugas.

As Coisas

As coisas têm peso, massa, volume, tamanho, tempo, forma, cor, posição, textura, du-ração, densidade, cheiro, valor, consistência, pro-fundi-dade, contorno, temperatura, função, aparência, preço, des-tino, idade, sentido. As coisas não têm paz.

Realmente... As coisas não têm paz.

sábado, 5 de janeiro de 2008

O tal tempo


Tempo tempestuoso, travessia, auto-transformação, pensamentos turvos, túrgidos, ficar de tocaia, tontura, traças nas entranhas, trevo tetraplégico, tanta trama, temor, trava. Tantos troços tontos para a ausência de true wrongs. Só o tempo para atravessar tais tolices e trazer ao nosso tato o orgulho de ser mais apurado. Mais intuitivo e formado. Maduro. Só o tempo para nos dar um cheiro bom de passado, que hoje é presente, e inodoro, já que não temos uma verdadeira distinção do doce, do cítrico ou do ocre. É tudo tão turvo...
obs. sempre achei mãos muito expressivas.

Somente Sons

Gesticulava descontroladamente, emitindo palavras, quase todas alheias a sentidos, apenas havia fonética, sons, para preencher os espaços vazios, os comas ou, também, o momento silencioso e atordoante do staccato de uma música pessoal em extrema desarmonia, fruto de acontecimentos considerados ilógicos perante os conceitos preestabelecidos.

“Enfrentar modelos”, ação consumada, contudo sem a presença de tal propósito considerado “precursor” para os libertadores de visões impostas e adeptos aos desejos que infringem a cultura a qual cerceia os pensamentos e impõe limites e “anormal” para as pessoas adaptadas às formas estabelecidas, muitas vezes pouco questionadoras, característica valorosa quando – plim! – o mundo gira, as certezas invertem-se, e um universo de novas experiências perigosas, no entanto fantásticas, se abre.

Mundo tradicional. Das leis, dos limites, das imposições e dormências. Novamente o mundo dos anestesiados que não se questionam. A carteira de identidade diz pouco. Todos falam bastante, mas dizem poucos válidos comentários. Durante esse momento, eu falo eloquentemente, e com outras intenções, porque emito sons para afugentar o sentimento de indiferença que tenho por todos aqueles que supõem as merdas que falam verdades tão absolutas.