sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Há um ermitão em alguns pensamentos meus
Há um camelo em cada desejo que se teceu
Há ondas nas reações
Há calma nas conclusões
Há muito Amor indefinido
Há vários perdidos...
Há muitos ares por aí
Há muitos Áries por aqui...
Há imprevisões de tempo
Também há passatempo

Há uma parte de mim que mente
Há outra descontente
Há partes amáveis e saudosas
Há algumas maldosas
Há pretos e brancos
Fortes e francos
Há a loucura no meio
Há a censura que veio
Há Caios e Quintanas
Mários e Abreus
Há tudo o que se perdeu
Há cantigas em casa
Há rocks em brasa

Há opostos em convivência
Há também conveniências...
Há muitas condições
Há mantas e colchões
Há o meu quarto limpo

Meu canto, pinto

Há a janela aberta
a esperar a certa seta

Há mais amor que deveria
Há coisas que se faria
Se não fosse o signo,
Se não fosse o medo,
Se não fosse um segredo.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008




Pôster de Dreams, um dos meus the best: i've ever had seen. Palmas para Kurosawa, um cara maneiro de uma sensibilidade fantárdida! Indescritível. Ficou tudo na mente: sunflowers à irracionalidade de Hiroshima e Nagasaki. Coloco essa foto porque... Porque... Porque o sonho é delicado. É a mais fina barreira entre a realidade e a fantasia. Além de que, ser Sonho, por uns minutos, é muito bom.



borboletas no estômago:

são aquelas asas que fazem cosquinhas em mim
e eu não sei se deveria deixá-las por lá
ou se abriria meu canto pra deixá-las voar,

a desfilar pelos nossos olhos
espalhando cores pela sala,
-as cores da sua aquarela-
a pintar um, quem sabe, 'nosso mundo'

as borboletas no estômago me deixam tonta.

são aqueles animais perversos
que me fizeram uma sem corpo,
sem peso, de tão leve que são
seria sustentável a leveza do ser?

talvez sim.

se fôssemos para sempre borboletas.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Em cada canto, enfurnadamente em rotinas, as pessoas vêem pessoas como somente corpos dinâmicos, vêem flores e nuvens e terra como elementos mortos de uma natureza morta que apenas cede espaço para os dramas humanos. Que visão triste que... Ah, se o mundo lesse uma vez ao dia uma poesia de Quintana... Com certeza os pequenos gestos alçariam o valor de todos os pibs e maxis e bigs, pro, hiper, multi das novas invenções.

Quero aquela pedrinha... lá de Calcutá!


Trecho de Diário

Hoje me acordei pensando
em uma pedra numa rua de Calcutá.
Numa determinada pedra numa rua de Calcutá.
Solta.
Sozinha.
Quem repara nela?
Só eu, que nunca fui lá.
Só eu, deste lado do mundo,
te mando agora esse pensamento...
Minha pedra de Calcutá!

Mario Quintana

domingo, 3 de agosto de 2008


Em cada esquina dessa cidade distorcida de ruas, afundada de rios, sustentada por pontes-raízes, portos, centros, pensamentos. Em cada canto, nos Quatro Cantos, pertinho daqui – lá na cozinha ou no corredor, procuro-me em resposta. Mesmo perdida em trânsitos, não tenho transtornos não. Deixo a pouca brisa arrebentar o fraco pulmão de quem já teve pneumonia, ao som do tango argentino de Manuel Bandeira e seu Pneumotórax. Permito-me à coreografia dos rostos em gestos. Recife é mais ou menos como me sinto agora – meio caótica, mas absurdamente poética e levemente dramática. Estar em casa, levada em leveza por entre casarões holandeses, beber cerveja com o canto do olho pousado nas ARTmanhas do velho barbudo Brennand, sentir almas de paz, abraços de mãe, beijos vermelhos e brancos, coração batendo pandeiro, pé naquele baque, carne de carnaval, Amor. Insisto, estar por aqui, fingida de perdida, faz-me sentir bela, entregue a esta consonância de paisagens e elementos. Faz-me pensar que, sim, estou no lugar certo.
- Foto da Torre de Cristal, escultura de Francisco Brennand