segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

todo homem é meio gay

tenho fortes argumentos a favor da teoria.

quando resolvo dedicar alguns momentos do meu dia à compreensão da peculiar natureza masculina, chego à conclusão de que o homem que é homem tem um pezinho fincado no arco-íris da homoafetividade. o papo é espinhoso e o que vou dizer pode mexer com a dignidade masculina de alguns. no entanto, a história faz sentido pra mim, pra minha mãe, pra minha avó e, acreditem, para 99,99% das minhas amigas.

homem que é homem, mano, passo o sábado de manhã na pelada com os amigos. claro, o exercício físico é importantíssimo na revitalização da nossa estrutura física. nada contra e tudo a favor dos cuidados com o corpo. mas sábado de manhã? no mínimo, suspeito. sábado de manhã é pra acordar, tomar café, fazer sexo, dormir de novo, acordar, fazer sexo, conversar. mas acordar, trocar de roupa e ir jogar futebol com um bando de macho? no mínimo, estranho.

homem que é homem, bicho, depois do futebol, vai tomar uma. claro, porque homem que é homem toma toooooooooooodas com os amigos. homem que é homem não toma uma long neck, toma uma grade. seria para tornar os encontros com os amigos ainda mais longos? não, estas não são elocubrações perdidas. o que faz um homem que é homem dedicar todo o sábado para os amigos, embalado por cervejas que, depois, vão ser a justificativa para as declarações de amor? "po, cara, eu te amo demais, tu sabia disso?". mil beijos molhados na bochecha. no mínimo, estranhíssimo!

não posso deixar de esquecer que homem que é homem não beija o amigo. no máximo, um tapinha nos ombros. que medo é esse, meninos? beijo pode, beijo é bom dê-mais. mas tem que ser com vontade, com seriedade e sem jogar a culpa na bebida depois. homem que é homem tem um medo danado de parecer gay. não usa rosa porque rosa é cor de veado. não se preocupa com a alimentação porque é coisa de baitola. não gosta de nada um tiquinho mais elaborado porque homem que é homem não gosta de "frangagem". ô medo!

homem que é homem, meu irmão, coloca os amigos em primeiríssimo lugar. se josé tá sofrendo e o sexo tá ótimo, vamos salvar josé. se joaquim fez um convite pra ir no boteco do alceu e o sexo tá ótimo, vamos pro boteco do alceu. se severino quer conversar e o sexo tá ótimo, "querida, preciso conversar com severino". homem que é homem adoooooooora estar com homem. adora, adora. mais que com mulher. meu padrinho, homem fino e sábio, me disse um dia: "bárbara, vivemos em um tempo que o homem morre de medo da mulher. não sei o que é isso. mas bom não é". medinho. concordo, tio.

enquanto isso... os nossos amigos verdadeiramente gays se tornam os nossos companheiros leais. nos amam incondicionalmete. nos acompanham a qualquer saída. topam um café, um shopping, uma caminhada, um jantarzinho romântico à luz de velas, um almoço legal em um bistrot da cidade... todo gay tem um super "quê" masculino, aquele traço do provedor diante da frágil mulher. é claro: eles têm os seus namoridos, seus namoros, seus maridos, mas a figura feminina em suas vidas ainda são (oh, deus! ainda são!) sagradas.

por outro lado, no entanto, porém, contudo, todavia, o homem hetero, homem másculo, Homem com H maiúsculo está a cada dia meio gay. menos provedor. mais parecido com um bichinho acanhado diante da fêmea. aquela que, no final, só quer um pouquinho mais de amor.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

eu desejo coisas muito boas pros que estão, pros que vieram e virão.

porque a vida é um suceder de pessoas.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

desejo coisas muito boas

Eu desejo coisas muito boas pra quem eu amo, independentemente de estarmos no final ou começo de um ano. Desejo que eles cresçam todos os dias. Gosto mais quando aprendem com o sucesso que com os sofrimentos. Não curto, não gosto, não simpatizo com uma pedagogia do sofrimento que só nos torna mais desconfiados de nós mesmos. Nunca aprendi com a dor. Na verdade, ninguém sabe muito bem o que fazer com ela e, para torná-la um pouco mais utilitária, fala-se de um suposto "processo de aprendizado".

Gosto da felicidade e de sua capacidade de aguçar sensibilidades. Curto demais a pedagogia empírica do "carpe diem". Sempre aprendemos mais com a vida quando a vemos como um instante único, a se despedaçar no ar. Por isso desejo coisas tão boas para as pessoas que amo. Porque quero que elas vivam comigo hipersensibilidades. Porque penso no poder libertador de ver a mesquinhez do homem como um desperdício de tempo.

Desejo isso pra quem eu amo. Atraio pessoas assim. Me despeço, também, dos que não alcançam a magnífica história da pedagogia da felicidade. Largar os traumas, inutilizar as dores, abandonar o que há de estoico dentro de si é pra poucos. Cultivar a dor, pra mim, dá noia. Viu?


coisas que se faz

comer e deixar no prato
falar mal do vizinho
negar uma esmola
matar uma lagartixa
sair da dieta
responder a mãe
boicotar a academia
brigar com o irmão
estourar o cartão
falar palavrão
negar uma festa
dar um fora
sair sem se despedir
fingir e sorrir
comer um docinho
beber e beijar um feinho

algumas coisas não se faz.
coisas que me dariam medo de mim, se eu fosse capaz.
já dizia vovó: em terra de doido, quem tem juízo é feliz.