quarta-feira, 19 de dezembro de 2007


A gente espera a novidade do dia seguinte, come, pensa em, na próxima vez, comprar algo mais gostoso, cruza os dedos pra encontrar o grande amor da sua vida no novo curso de pintura, experimenta lançamentos, percebe algumas roupas velhas e vê que precisa de novas, aguarda ansiosamente o salário no fim do mês, discute com a família, pensa e faz as pazes, ou passa um bom tempo ausente. Fica insatisfeito com o presente, mas tem certeza que o mês seguinte prometerá grandes surpresas, vive agosto para setembro, setembro para outubro... A gente critica o capitalismo, comunismo, anarquismo, budismo, catolicismo, todos os ismos, e não criamos uma própria crença. Esperamos o Carnaval, o São João, o feriado daqui a duas semanas, os preparativos para o ano novo com análises no amor, trabalho e amizade. Se há decepções, mudamos o estilo do cabelo e o círculo social.



E assim a gente vai levando. Muitas das ações vazias são formas de preencher esse espaço escuro e enigmático da vida. É necessário para nós a criação de desejos, pois, assim, a esperança em uma paz pessoal pode ter um fundamento, mesmo que seja um tanto desesperado.

Fotografia de lorpailleur_62
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