“Os dragões, com a boca enorme,
estão comendo os sapatos
dos meninos que não dormem...”
(Mário Quintana – Canção da aia para o filho do rei)
Não, não é sabedoria chinesa: os dragões são seres fantásticos. Mas não falo do fantástico sinônimo de imaginário, falo do fantástico como um elogio, fantástico de impressionante, entende?
estão comendo os sapatos
dos meninos que não dormem...”
(Mário Quintana – Canção da aia para o filho do rei)
Não, não é sabedoria chinesa: os dragões são seres fantásticos. Mas não falo do fantástico sinônimo de imaginário, falo do fantástico como um elogio, fantástico de impressionante, entende?
É que os dragões estão soltos por aí, meu bem, e eles sacrificam tudo o que não signifique Vida. Primeiro as cores: fortes. Dragão cega o preto e branco e coloca aquele degrade incertíssimo, fluido e confuso. Será a vida um intenso cor-dragão? Depois vem as asas. Sem rodapés. O pensamento voa, sabe? E, por você, por mim, por nós, não o fixe nesse chão áspero e rochoso, tão diferente do nosso universo construído à sombra das nossas mãos. O mais importante, o mais lindo nos dragões, inferno astral, é o fogo. É que essa matéria me lembra sempre a fraqueza das nossas peles e cabelos, mas é ela que fortalece nossas ligações que transcendem tudo isso que posso chamar de - mundo material.
Os dragões estão soltos por aí, meu bem. E eles sacrificam tudo o que não signifique Vida. Você talvez não saiba, mas eles comem os travesseiros daqueles que não sonham e devoraram os telefones dos que vivem a se lamentar da vida amortecida e queimam os neurônios dos investigadores da simplicidade e riscam receitas médicas e gritam um fogo brilhante e cristalizado ao amor, aos amantes, a todos nós, amigos de dragões. Eles são seres fantásticos, sabe? E não, não vão nos sacrificar, porque somos cores e asas e fogo. Porque significamos vida.
Um comentário:
Olá, Bai. Tudo bom? Espero que sim. Sou amigo da Teresa e acabei vindo parar por aqui (algumas vezes, de certo), através do blog dela. O acaso me trouxe a poesia e hoje me inundo dela diariamente! Adorei seu penúltimo texto ("Há um ermitão..."), principalmente, a primeira parte. Me identifiquei bastante com ele. Hoje, tenho meu dia brindado por esta ótima metáfora dos dragões e da vida! Parabéns pelo trabalho, continue mandando ver, visse? Beijos, Luis.
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