Móbile
Eucanaã FerrazPassamanarias de arame, papel
e luz, que recobri com a pele,
onde instalei meus ossos desatados percutindo
no vento, está lá
o arabesco,
sem arrimo, pingando um tempo estacionário entre
palmeiras, contra o céu da Voluntários, o Cristo
ao fundo, o cinema. Seu movimento
hesita, esgrima, cigarra, urina, é-não-é,
flores da ferrugem, palavras fáceis e cento
e um dentes ameaçando carros e coisas
elétricas, edifícios em fila, famílias. Fiz
o que tinha de ser. Ficou lá, inútil, ardendo
sobre o trânsito,
o móbile
gigante que seus olhos não viram,
que seus olhos não quiseram,
que seus olhos não e não.
Ficou lá, inútil, adiado
sobre o domingo,
o monstro
que seus cuidados não souberam,
que seu medo não quis,
que nem ao menos.
Está lá, inútil, ardil desativado,
sobre nada,
lixo,
lixo,
mas, esteja certo disto, tinha o tamanho
certo de nos vestirmos com ele, para,
dentro dele, suspensos,
descansarmos na palma um do outro, acredite,
era lindo, era fácil,
era puro.
e luz, que recobri com a pele,
onde instalei meus ossos desatados percutindo
no vento, está lá
o arabesco,
sem arrimo, pingando um tempo estacionário entre
palmeiras, contra o céu da Voluntários, o Cristo
ao fundo, o cinema. Seu movimento
hesita, esgrima, cigarra, urina, é-não-é,
flores da ferrugem, palavras fáceis e cento
e um dentes ameaçando carros e coisas
elétricas, edifícios em fila, famílias. Fiz
o que tinha de ser. Ficou lá, inútil, ardendo
sobre o trânsito,
o móbile
gigante que seus olhos não viram,
que seus olhos não quiseram,
que seus olhos não e não.
Ficou lá, inútil, adiado
sobre o domingo,
o monstro
que seus cuidados não souberam,
que seu medo não quis,
que nem ao menos.
Está lá, inútil, ardil desativado,
sobre nada,
lixo,
lixo,
mas, esteja certo disto, tinha o tamanho
certo de nos vestirmos com ele, para,
dentro dele, suspensos,
descansarmos na palma um do outro, acredite,
era lindo, era fácil,
era puro.
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