Pra começar a escrever esse blog, ohh, será essa mais uma tentativa frustrada? Enfim... Li um poema de Francisco Espinhara, poeta recifense que participou do cenário da arte marginal dos anos 80. Foi um dos coordenadores do Movimento de Escritores Independentes¹. Achei interessante o paralelo traçado entre nós, pessoas-máquinas nesses "Tempos Modernos" e os fantoches, controlados por um sistema maior. Enquanto isso, no Recife, cidadão do cão, residem pessoas com as mais diferentes personalidades, desejos e estados mentais.
Fantoches
Os fantoches da rua Sete
Seguem cegos na procissão.
A puta diurna da Palma
Traz uma venérea na alma
E uma cova diária na mão.
Da Ponte Velha a secular ferrugem
Reticente ao trajeto branco da nuvem
Come o estrado, o arco, o vergão.
Os poetas esquecidos no beco
Transam sangue a trago seco
Dormem como trapos sobre chão.
Dormem como trapos sobre chão.
Recife, musa, maldição
Cadela suja, traiçoeira
Seta certeira
Encantada cidade do cão.
Francisco Espinhara
¹. para saber mais: http://www.interpoetica.com/francisco_espinhara_gm.htm
Fotografia por Rodrigo Sotero. Mais: http://www.flickr.com.br/rsotero
Um comentário:
Interessante tema, nada incomum, porém você uso de uma comparação totalmente incomum, uma sutileza valorizada, sempre que atualizar me mnde ; ) ;*
Henrique
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