terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Caio Fernando Abreu

Sabe aqueles escritores de fundo de escritório afundados em seus laptops? Pronto, Caio não é um deles. É simplesmente encantador o espírito jovem que perdurou em um homem que foi obrigado, pelo tempo, a envelhecer (não falo o envelhecer físico, porque morreu cedo, mas, sim, do envelhecer psicológico, sinônimo de maturidade).

Os verdadeiros escritores vivem, pensam e escrevem intensamente. C. Fernando se preocupou em passar por essas três intensidades, diferentemente de alguns escritores, que viveram apenas as duas últimas. E aí talvez esteja a ideologia jovem que perdurou durante toda a vida de Caio. O que é lindo nos textos dele é a transparência do hedonismo, a necessidade de viver, de experimentação. Isso não significa que ele seja apenas apegado aos prazeres, à matéria, porque ele guarda dentro dos seus textos um misticismo religioso, ligado à astrologia, religiões africanas, budismo, hippiesmo, sem discriminações, e acreditando em algumas verdades de cada doutrina.

É lindo o amor de Caio pela vida. Pelos mistérios da vida. Pelas obscuridades entre sintonias perfeitas. É crucial o espaço entre cada palavra escrita, porque são nesses espaços que soam a fortaleza de cada palavra, vomitada, como uma necessidade de expressão.

O que também é lindo em Caio é vontade de ser o que se é sem importar-se com os limites que possam surgir. Muitas vezes, quase sempre, existe medo. Para Caio, o medo também faz parte de um ser.


É que Caio escreve contos muito lindos, e um dos que mais gostei foi Terça-Feira Gorda. Trata de uma paixão de Carnaval entre dois homens (sim, ele era homossexual), e tem uma parte que me tocou bastante "Plâncton é um bicho que brilha quando faz amor, ele disse. E brilhamos". Isso eles fazem amor abaixo de um céu estrelado, com as Plêiades intensamente vivas. Resolvi colocar essa foto de livro de biologia (haha), porque achei interessante os pontinhos brilhando por trás dos plânctons, parecem estrelas. E os plânctons parecem pintura, bem diferentes daquela baratinha do Bob Esponja.

Se vocês quiserem um livro dele pra ler, aconselho O Ovo Apunhalado. É tipo, MUITO bom. Morangos Mofados e Triângulo das Águas também são bons, mas tive um pouco de dificuldades em alguns contos. E dos contos avulsos, na internet, tem Sargento García, Aqueles Dois, Para uma avenca partindo. É só catar no Google.


Quero dois desse.

3 comentários:

Unknown disse...

eu não conheço mt dele não,ms já li um livro que "vc" me emprestou =]
ele é legal,apesar de complicar às vezes haha xD
tu sempre me mostrando coisas legais,neah? =]

araujoisa disse...

baratinha do bob esponja foi otemo
hsauhsuahushauhs

. disse...

hum,
e quem foi que te apresentou caio hein hein?
eauaehuaehae



aiai
se a gente tivesse caios mais proximos na nossa vida.. talvez fossemos mais compreendidas.