domingo, 3 de agosto de 2008


Em cada esquina dessa cidade distorcida de ruas, afundada de rios, sustentada por pontes-raízes, portos, centros, pensamentos. Em cada canto, nos Quatro Cantos, pertinho daqui – lá na cozinha ou no corredor, procuro-me em resposta. Mesmo perdida em trânsitos, não tenho transtornos não. Deixo a pouca brisa arrebentar o fraco pulmão de quem já teve pneumonia, ao som do tango argentino de Manuel Bandeira e seu Pneumotórax. Permito-me à coreografia dos rostos em gestos. Recife é mais ou menos como me sinto agora – meio caótica, mas absurdamente poética e levemente dramática. Estar em casa, levada em leveza por entre casarões holandeses, beber cerveja com o canto do olho pousado nas ARTmanhas do velho barbudo Brennand, sentir almas de paz, abraços de mãe, beijos vermelhos e brancos, coração batendo pandeiro, pé naquele baque, carne de carnaval, Amor. Insisto, estar por aqui, fingida de perdida, faz-me sentir bela, entregue a esta consonância de paisagens e elementos. Faz-me pensar que, sim, estou no lugar certo.
- Foto da Torre de Cristal, escultura de Francisco Brennand

2 comentários:

Marcel Luis disse...

Eu gosto de sua maneira de escrever. Muito. Gostei de você também. Posso ser seu amigo?

Marcel Luis disse...

E já te vi também. Estou me arrependendo de não ter ido falar contigo quando precisaram (o que é aceitável, afinal só podemos nos arrepender das coisas que não fazemos, certo?). Vi que você também curte o Caio Fernando Abreu. Po, c parece ser legal =] um abraço ^^