sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Impressão digital


Às vezes a gente tem que se controlar um pouquinho pra não abrir o jogo, a vida e todas essas coisas meio pessoais demais para um Blog. Talvez a época dos segredos sagrados, dignos de páginas de diários, já tenha acabado com todas essas digitalizações & publicações de sentimentos. Tsc. Tento exercer aquele auto-controle básico pra não deixar tão perceptível meu estado de humor, mas basta uma amiguinha um pouco curiosa ler um dostextos e falar: poxa, tua cara, esse texto está tão depressivinho, amiga. E a gente vê que deixou clara a cara, o canto mais íntimo à toa, visível e transparente. Não tem jeito. Assim também seriam com os escritores da época lápis-papel se eles tivessem a oportunidade de publicar os seus textos todos os dias, mas como eles dependiam (e ainda dependem, ainda bem) das editoras e, principalmente, das inspirações (para escrever em Blog basta vontade de expressão) , valham-nos mais ou menos uns 8,9, 10 anos para saber como se sentia Gabriel na cidade de Macondo, ou Hesse naquele estágio de meia-vida, encarnado em um Lobo da Estepe. E é assim que a gente nunca sabe muito -  no tempo certo - as intimidades mais lindas e cruéis desses dois escritores amados. E é assim que as pessoas sabem, nesse tempo do imediatismo, como eu, ele, ou ela, pobres blogueiros nos sentimos. É. Não tem jeito. Ou eu deleto essa página virtual, ou me deixo consumir por essas digitalizações da vida, essa necessidade de expressão cada vez maior, incapaz de ser reprimida. Posso falar de metáforas, mas quando vem alguém e me diz que o texto depressivo ou feliz estava a minha cara, cara, eu me frustro.

Bem. Essa é mais uma impressão digital.

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