quarta-feira, 9 de junho de 2010

Os sonhos II

"Você terá encontrado um impulso outro, que antes de te empurrar, conversará com você, te entenderá e concordará que o repouso é um movimento calmo, no compasso das ondas de Debussy" J.C.


Eu prometo que, se você não me empurrar agora, eu te darei alguns desenhos nas nuvens, um gramado bem verde, mensagens no celular, quando eu tiver vontade, é claro, porque essas coisas só se faz com vontade. Eu te darei algumas risadas todos os dias, serei a tua melhor amiga, algo como "o meu melhor amigo é o meu amor", eu te darei meu quarto, um frio na barriga, um calor no corpo, luz, você sabe a cor da luz de que falo. Se você não me empurrar, conversar comigo, me entender, você vai concordar que precisamos de um repouso, de um movimento calmo, para digerir o turbilhão salgado pelo qual passamos há pouco tempo, não é? Eu preciso tanto tanto que você não me empurre agora, eu preciso tanto tanto saber que não posso te empurrar agora, porque têm os sonhos, e não sei se você já conseguiu se desvencilhar deles, mas eu ainda não consegui. Ainda preciso aprender a guardar o cheiro dos meus sonhos com o carinho do que poderia se realizar no futuro longíquo, mas não se realizou por um motivo superior, que, confesso novamente, ainda não sei explicar. Não posso guardar os cheiros dos meus sonhos com o pesar da imaterialidade, utopicidade e irrealidade dos sonhos. Não quero, não posso, não devo acreditar que os sonhos são só sonhos, já conversamos sobre isso, você sabe. Mas a ressaca tá passando, o turbilhão salgado está se acalmando, você sabe disso, você sabe que tudo está mais pra Debussy que pra Bethoven, você sabe. Em Debussy, eu poderei construir um novo barco, uma nova bandeira e uma nova rota que nos leve para uma ilha de sonhos renovados e, quando chegarmos nesta ilha, aí, sim, você pode me empurrar.

Obs.: J.C., você escreve coisas bonitas.

2 comentários:

Bárbara Lima disse...

Depois vai-se formando um istmo entre a ilha e o continente. Devagarzinho... Até a ilha nem ser mais ilha e sim a continuação do teu continente, parte integrante, indissociável.

Jorge Cerqueira disse...

divagando sobre a ilha...

acho que "ilha" é igual a "Los Hermanos ia".

vejamos:

ilha
i-lh-a
lh-i-a
...
Los Hermanos ia)

¬¬'

(cri cri cri....)

:)