A questão
Eucanaã Ferraz
Como decidir do desejo?
Algum padrão diz do que
e de quanto vive?
Ele vive do que deseja?
É uma necessidade?
Subsiste no fundo do tempo?
Faz-se num minuto? Morre
no outro? Perdura uma existência inteira?
O desejo que não desejamos,
refreá-lo como? Respiramos.
Há interromper-lhe o passo?
O desejo nos ouve?
É cego? É doido? O desejo vê
mais que tudo? São os nossos
os seus olhos? Se os fechamos,
ele finda? Quem pôs o desejo em nós?
Onde está posto? E onde não?
Penetra o sonho, o trabalho, infiltra
nos livros, no óbvio, nos óculos,
na cervical, na segunda-feira e os versos
não sabem outro tema.
Há quem não deseje?
Tudo o que vive deseja?
Faça-se o exercício: não desejar,
por um mês, uma semana,
um dia. O desejo fabrica-se
de nenhum aval? Ele não teme?
Não receia o sal à face da razão?
Não teme a dor, decerto, que dela
parece, por vezes, primo-irmão.
E perguntamos, perplexos. O desejo
é uma forma oblíqua de alegria? Brinca
conosco? Mas, brincarmos com ele,
ai de nós, é de seus truques
o mais fatal. Morremos de desejo?
Com ele removemos pedras?
Por ele removemos montanhas?
Pode o desejo mover o não?
(O não: esta seta o mata?
Ou esta farpa fomenta o que nele nos ultrapassa
e que, sem nome nem fim, não desistirá
senão quando tudo morto em nós?)
Química tão secreta,
não vale a pena qualquer pesquisa,
uma pluma, este poema.
Algum padrão diz do que
e de quanto vive?
Ele vive do que deseja?
É uma necessidade?
Subsiste no fundo do tempo?
Faz-se num minuto? Morre
no outro? Perdura uma existência inteira?
O desejo que não desejamos,
refreá-lo como? Respiramos.
Há interromper-lhe o passo?
O desejo nos ouve?
É cego? É doido? O desejo vê
mais que tudo? São os nossos
os seus olhos? Se os fechamos,
ele finda? Quem pôs o desejo em nós?
Onde está posto? E onde não?
Penetra o sonho, o trabalho, infiltra
nos livros, no óbvio, nos óculos,
na cervical, na segunda-feira e os versos
não sabem outro tema.
Há quem não deseje?
Tudo o que vive deseja?
Faça-se o exercício: não desejar,
por um mês, uma semana,
um dia. O desejo fabrica-se
de nenhum aval? Ele não teme?
Não receia o sal à face da razão?
Não teme a dor, decerto, que dela
parece, por vezes, primo-irmão.
E perguntamos, perplexos. O desejo
é uma forma oblíqua de alegria? Brinca
conosco? Mas, brincarmos com ele,
ai de nós, é de seus truques
o mais fatal. Morremos de desejo?
Com ele removemos pedras?
Por ele removemos montanhas?
Pode o desejo mover o não?
(O não: esta seta o mata?
Ou esta farpa fomenta o que nele nos ultrapassa
e que, sem nome nem fim, não desistirá
senão quando tudo morto em nós?)
Química tão secreta,
não vale a pena qualquer pesquisa,
uma pluma, este poema.
Um comentário:
poema fudido de bom o/
http://www.youtube.com/watch?v=aaeRGCyxtMk
desejo que você tenha a quem amar e quando estiver bem cansado ainda exista amor pra recomeçar
pra recomeçar
:)
http://letras.terra.com.br/frejat/46044/
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