quinta-feira, 14 de abril de 2011

Que é amor?

Amor é ioiô. Quando vai, já tá voltando. Sabe? É chiclete. Às vezes tá navegando esquecido na maciez da língua, outras tá preso, moldado no formato do dente. Amor não larga, bicho. Fico ali, na espreita, pronto pra atacar. É feito policial à paisana. Tem cara de amizade, mas não, tem coisa por ali. Amor gruda feito cola, impregna feito cheiro de cigarro, ocupa a casa, o passado, a execução mais simples da vida cotidiana... Não sai não. Por mais que a gente queira que não.

Amor é feito essas lojinhas tecnológicas de reconstrução de fotos antigas. Passa verão, passa inverno, sabe reconstituir a foto mais amarela do álbum de 2005. Amor é feito vírus. Ora tá latente, ora se manifesta. Amor é enganoso. Quem foi que disse que ele está em Roma? Amor tá em cada canto da casa, menino. Amor é feito água. Pode assumir vários estados, mas no fundinho do copo, continua sempre o mesmo. Amor, ora, o amor. Amor, meu Deus, alguém ora por ele!

Amar é o intento de Kandinsky: desestruturar o real. Amar é feito birilo. Tá ali, mas a gente nunca vê. É feito fumaça, espírito, ar, moléculas. Nos rodeia e absorve, mas não percebemos. Amar não é escolha não, garoto. Quem foi que disse? A gente escolhe o que comer e o que vestir, mas escolher amar? Fica até estranho. Escolher dormir. Escolher crescer. Escolher respirar. Nem combina. É feito linguagem e ser humano. Um não vive sem o outro.

Amar é comparar o tico com o teco. É criar metáforas. Ilusões. Criar um falso universo comum a dois. É o esforço da comunicação. Entendesse, menino lindo, o que eu quis dizer?

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